Com a inclusão de jovens velejadores nas tripulações, a maior competição de vela oceânica da América Latina quer ajudar a renovar o esporte no Brasil
Entre os atletas já consagrados em Olimpíadas, Mundiais e veteranos da vela oceânica, meninos e meninas de até 15 anos ganham espaço na Semana de Vela de Ilhabela. O desafio é de gente grande: ajudar suas tripulações a conquistar a maior competição da modalidade na América Latina. De quebra, a participação dos velejadores-mirins mantém viva a paixão pela modalidade e garante a sua renovação no Brasil.
Transmitir a paixão pelo esporte e reforçar o trabalho em equipe são os principais objetivos da tripulação do Bravo comandado por Matias Eli na classe Bico de Proa, com os aprendizes. Em 2017, a equipe contou com duas velejadoras-mirins a bordo, Sofia e Olívia. “O importante é dar a elas a oportunidade de praticar o esporte, aprender sobre regras, ética, trabalho em equipe e respeito ao próximo”, destacou Ramiro Eli, proeiro do Bravo.
A presença de velejadores-mirins na tripulação impõe algumas mudanças a bordo. “Muda o vocabulário, a maneira e o tempo em que as instruções são repassadas às crianças. Além disso, é preciso ter certos cuidados em relação aos riscos inerentes ao esporte”, explicou Ramiro Eli.
Velejando com dois adultos e três crianças até a última edição da Semana de Vela de Ilhabela, a tripulação 100% familiar do Áries desenvolveu características próprias para o trabalho dentro do barco.
“Com crianças a bordo, velejar em segurança e antecipar manobras são atitudes fundamentais. Nós criamos os ajudantes da manobra, designando quem das crianças será o responsável e quais serão seus ajudantes em cada manobra. Normalmente, o mais velho é ajudado pelos menores”, contou o comandante Alex Calábria.
Depois de três participações vitoriosas com o Áries III na disputa dos Clássicos, a família encara este ano o desafio de competir na classe ORC com um novo barco, o Áries 5. Dos três meninos, estarão na equipe Luca, de 13 anos, recolhendo a vela e passando o balão, e Guilherme, de 10 anos, como ajudante das manobras. Os dois ainda fazem o contra-peso do barco.
“Confesso que seria um sonho vê-los seguir carreira, pois a vela é um esporte incrível. Mas acho que velejamos em família principalmente para estarmos juntos o máximo possível antes de deles seguirem o próprio rumo quando crescerem. Se acontecer deles virarem profissionais, teremos muito orgulho de termos contribuído para isso”, vislumbrou Alex Calábria.
Já o Itajaí Sailing Team tem como velejadora-mirim Brenda Furlin, de 14 anos, única menina numa tripulação masculina. Filha de Gastão Furlin Filho, coordenador do projeto do barco, Brenda herdou o interesse pelo esporte e começou a velejar aos 8 anos de idade. Considerada uma promessa do esporte em sua cidade, a velejadora tem no currículo o título do Campeonato Catarinense e da Copa Veleiros de Monotipos do Iate Clube de Santa Catarina, e também foi campeã juvenil do Campeonato Sul-Brasileiro, todos na categoria estreantes, em 2017.
Integrante do Itajaí Sailing Team desde fevereiro de 2017, Brenda ajuda a trimmar o runner e no recolhimento do balão. “O aprendizado é constante. Na medida do possível, os outros tripulantes sempre explicam as manobras executadas para que eu possa entendê-las e saber o momento certo de utilizar cada uma. Aprendi muito sobre disciplina, concentração e como é importante o trabalho em equipe, onde cada tripulante tem uma função que deve ser executada da melhor forma possível e no momento exato para não atrapalhar na performance do barco”, disse Brenda.
Estreante na Semana de Vela de Ilhabela no ano passado, a velejadora volta à competição sonhando em ajudar a equipe a conquistar o título. E já planeja o seu futuro no esporte: “Quero me aprimorar cada vez mais tanto na vela oceânica como na de monotipos.”
As regatas começam em 21 de julho com a Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil e terminam no sábado, dia 28. O evento chega à sua 45ª edição com as seguintes classes convidadas: ORC, IRC, BRA RGS, Clássicos, C-30, HPE30, HPE25 e Bico de Proa. Será realizado em paralelo o Campeonato Brasileiro de C-30 e a Regata por Equipes.
As inscrições seguem abertas e os velejadores devem fazer o processo exclusivamente por meio do site www.svilhabela.com.br.
Fonte – Flávio Perz – Onboardsports