O Wa Wa Too III, veleiro de destaque nos anos 70, será o modelo usado na confecção dos prêmios aos campeões das regatas
A premiação aos vencedores da Semana de Vela de Ilhabela guarda a própria história da modalidade no Brasil. Os troféus são modelos de barcos que brilharam nas principais competições no País e no mundo. Para a edição 2018, o escolhido pela organização foi o Wa Wa Too III. Com uma trajetória de mais de 40 anos, ele foi um dos grandes destaques dos anos 70.
O veleiro de 54 pés foi projetado pelo arquiteto naval argentino German Frers e construído nos Estados Unidos. Sob o comando de Fernando Nabuco, um importante corretor da Bolsa de Valores de São Paulo e expoente da vela de oceano paulista na época, o Wa Wa Too III foi o Fita Azul da regata Santos-Rio em 1976, baixando em 1h o recorde do Vendaval II, detentor do recorde de 24h desde 1951. Tornou a fazer história no ano seguinte, vencendo as 1.200 milhas da regata Buenos Aires-Rio de Janeiro em 7 dias, 4 horas, 3 minutos e 30 segundos, no tempo corrigido.
O Wa Wa Too também marcou presença na Admiral’s Cup na Inglaterra, conhecida por muitos anos como o campeonato mundial não oficial de regatas oceânicas, já que a disputa era entre países, cada um com seus três melhores barcos.
Em 1973, o veleiro integrou a equipe brasileira com o Cangaceiro IV e o Saga II, campeão da Fastnet Race, uma das mais importantes regatas mundiais, realizada dentro da Admiral’s Cup. Voltou a disputar a Admiral Cup pelo Brasil em 1975, além de importantes regatas nos Estados Unidos, como a Bermuda Race e a SORC.
Para o velejador Carlos Eduardo Souza e Silva, integrante da comissão organizadora da Semana de Vela de Ilhabela, a homenagem ao Wa Wa Too III ajuda a resgatar as conquistas e a importância do veleiro, detentor de recordes em regatas importantes como a Buenos Aires-Rio de Janeiro e a Santos-Rio. “A década de 70 foi o auge para os barcos verdadeiramente de oceano como o Wa Wa Too e o Saga. O Brasil mandava equipes para regatas internacionais. Hoje o domínio é dos monotipos como os TP52”.
Reformado pela última vez em 2009, o Wa Wa Too III conquistou o segundo lugar na tradicional Refeno, a regata Recife-Fernando de Noronha, na categoria Bico de Proa. Hoje, o veleiro está em Vitória (ES).
Para elaborar o molde para o troféu da 45ª Semana de Vela de Ilhabela exigiu um verdadeiro trabalho de “arqueologia”. Foram usadas a planta de um veleiro gêmeo do Wa Wa Too, com o mesmo modelo, e fotos da década de 70.
Homenagens – As homenagens aos barcos antigos na Semana de Vela de Ilhabela começaram em 2006. Os veleiros participantes da America’s Cup, competição esportiva mais antiga do mundo, foram os primeiros transformados em troféu. Quem abriu a fila foi o Rainbow, vencedor da prova em 1934. Depois vieram Intrepid, Courageous, Stars and Stripes, Black Magic e Alinghi.
Mais recentemente, a organização da SVI decidiu homenagear veleiros brasileiros e embarcações da mesma época do Wa Wa Too III, como o Saga e os mais antigos Cairu II e Vendaval.
A última edição trouxe uma situação inédita para a Semana de Vela, com a escolha do Áries III como troféu: pela primeira vez, um barco homenageado disputou a competição. E a equipe ainda conquistou o título da Clássicos.
As regatas começam em 21 de julho com a Alcatrazes por Boreste Marinha do Brasil e terminam no sábado, dia 28. O evento chega à sua 45ª edição com as seguintes classes convidadas: ORC, IRC, BRA RGS, Clássicos, C-30, HPE30, HPE25 e Bico de Proa. Será realizado em paralelo o Campeonato Brasileiro de C-30 e a Regata por Equipes.
As inscrições seguem abertas e os velejadores devem fazer o processo exclusivamente por meio do site www.svilhabela.com.br.
Fonte – Flávio Perez – onboardsports