Alexandre Antonio dos Santos
* O autor é velejador e foi um dos criadores do projeto Itajaí Sailing Team.
A regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race, que chega pela terceira vez a Itajaí em abril, pode ser considerada o grande divisor de águas no turismo e na economia do município. Desde 2012, quando aportou na cidade pela primeira vez, a regata deu início a um amplo processo de resgate de uma vocação do município que estava adormecida: a náutica. E a partir daquele ano vieram mais duas edições da regata Transat Jacques Vabre – que partiram da cidade francesa de Le Havre tendo como destino Itajaí, mais um stopover da Volvo Ocean Race, além de outros eventos náuticos de menor porte. Em 2018 é a terceira vez que a regata de volta ao mundo aporta em nossa cidade.
A consolidação do município nos cenários nacional e internacional da vela também fortaleceu a Associação Náutica de Itajaí (ANI), que desempenha um amplo trabalho junto as categorias de base. A entidade forma velejadores para a categoria optimist e, por meio do projeto Engenharia Naval Amadora, desperta cada vez mais a paixão dos itajaienses pela vela.
E assim como surgem novos atletas e amantes da vela a cada ano devido a esse despertar da atividade náutica na cidade, foi com o primeiro stopover da Volvo Ocean Race em Itajaí que surgiu o Itajaí Sailing Tem, um time de vela que representa o município nos principais eventos do calendário nacional da vela. E o surgimento do Itajaí Sailing Team de vela não foi muito diferente da origem da Volvo Ocean Race.
Há registros de que a regata de volta ao mundo surgiu há cerca de 45 anos, após conversas de amigos em um pub inglês, que acordaram de que seria interessante criar uma regata que remontasse as rotas dos navios mercantes do século XIX ao redor do mundo. Correram atrás de patrocinadores e surgiu então a primeira edição da Volvo Ocean Race, naquela época chamada de Whitbread Round the World Race.
Já o surgimento do Itajaí Sailing Team ocorreu logo após a realização da primeira parada da Volvo Ocean Race em Itajaí, em 2012. Encantados com o stopover na cidade, um grupo de amigos velejadores optou por formar uma equipe para representar o potencial náutico e turístico de Itajaí. Esses velejadores reuniram recursos próprios, buscaram patrocinadores e assim um sonho, com uma rajada de vento, dois anos depois já havia se tornado realidade e rumado para os mares.
Sem um veleiro próprio, a equipe itajaiense de vela iniciou locando o veleiro Mano’s Champ e obteve sucesso já nas primeiras disputas: trouxe para Itajaí importantes troféus em regatas realizadas no Estado e também fora de Santa Catarina, a exemplo das semanas de vela realizadas em Ilhabela.
Sempre muito focada no aprimoramento técnico da equipe e depois de fazer uma excelente temporada em 2015, no ano seguinte o Itajaí Sailing Team contratou como técnico o velejador André Fonseca (Bochecha), que havia participado de duas edições da Volvo Ocean Race e de duas olimpíadas. Também em 2016 adquiriu o atual veleiro – um Soto 40, considerado um dos mais rápidos da classe Oceano – que leva o nome do Itajaí Sailing Team. A embarcação era usada pelo velejador Torben Grael, um dos maiores expoentes da vela no Brasil – com cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, uma de prata e duas de bronze.
Desde então o desempenho do time itajaiense vem se aprimorando a cada disputa. Foi campeão e vice campeão de importantes eventos náuticos, como a Semana de Vela de Ilhabela, Copa Brasil de Vela, Circuito Oceânico Ilha de Santa Catarina, Regata Santos Rio, Regata Ilha de Caras, entre outras importantes competições do Calendário Brasileiro de Vela.