“Pessoalmente, eu gosto desta regra. As mulheres demonstraram que podem dar a volta ao mundo” Íñigo Losada, Time MAPFRE

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Maria

   Há 194 dias o time da MAPFRE está em sua base de treinamento na região de Sanxenxo, norte da Galícia, Espanha –

Nove meses de competição, 45.000 milhas de navegação, condições extremas e um número reduzido de pessoas convivendo a bordo de um Volvo Ocean 65. A Volvo Ocean Race tem mais desafios do que lutar para cruzar a linha em primeiro lugar. Prevenção e tratamento de lesões, uma preparação física e psicológica adequada e um estudo minucioso da alimentação a bordo são fatores cruciais para ter um bom desempenho na volta ao mundo. Íñigo Losada, responsável pela área de saúde do MAPFRE, nos explica como funciona o seu departamento e quais os pontos chave para enfrentar regatas de vela oceânica mais extremas.

Qual é a função principal da área de saúde do MAPFRE?

Toda a preparação física e até o desempenho dos tripulantes. Um dos pontos chave é a prevenção das lesões e, em um caso delas aparecerem, um trabalho de readaptação e uma recuperação para que eles estejam a bordo nas melhores condições possíveis.

Coordenamos tudo que se refere a alimentação e a nutrição dos tripulantes. A bordo é fornecida comida liofilizada. Estudamos cada um, cada função, clima da regata e por aí vai.

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Quais profissionais formam este departamento?

Para executar todas as tarefas da área de saúde temos um time multidisciplinar composto por um médico, vários fisioterapeutas e a figura do preparador físico. Em muitos casos buscamos profissionais locais para ajudar nesse trabalho.

 Quais são as lesões mais comuns nessas regatas?

As principais lesões são verificadas após esforço excessivo e movimentos ruins a bordo, pois você tem que considerar o material e velas que são pesados e também estão molhadas. Lesões devido ao impacto das peças, do próprio barco e choque com parceiros estão na lista. Algumas lesões são evitáveis e outras são acidentes que podem acontecer e temos de viver com isso.

 

E quando ocorre uma lesão ou alguém fica doente durante uma etapa, como o departamento de saúde age?

Nosso desempenho é diferente quando estamos treinando e temos contato direto com a tripulação. Quando estão em regata, existe a bordo da figura do médico. Dois integrantes da tripulação são destacados e passam por cursos para prestar esse atendimento. Eles entram em contato com a gente em caso de necessidade.

 

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Qual objetivo deste treinamento?

Para tratar a lesões que são diversas. Houve de dentes quebrados, alguma fissura, pontos falsos, entorses … e que a experiência diz é que o médico a bordo precisa estar preparado.

 Além dos aspectos físicos, como a área de saúde trabalha para preparar psicologicamente a tripulação?

Embora existam pessoas de todos os tipos no mundo da vela, todos eles têm em comum a capacidade de sofrer, pois as condições não são fáceis de suportar e a capacidade para se destacar em situações adversas é evidente. Há também um confinamento de muitas pessoas em um espaço pequeno. É muito tempo com as mesmas pessoas e as pessoas que vêm de diferentes lugares, diferentes nacionalidades, diferentes idades e sexos diferentes, de modo que há um componente psicológico … mas acima de tudo é o profissionalismo de cada um e o fato de ter um objetivo comum, que é ganhar a regata e sei que, se tivermos sucesso, será pela união de todos.

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A Volvo Ocean Race 2017-18 terá mais milhas de navegação pelos mares do Sul. Como o novo percurso afeta na preparação física dos tripulantes?

Nesta edição da volta ao mundo, as etapas serão mais longas e esse será um desafio grande. Eles vão pegar mais frio, o que impacta na saúde dos tripulantes

 

Mais mulheres devem fazer parte desta edição. Como você avalia essa mudança?

A regra não é uma obrigação, mas a possibilidade existe de mais mulheres. Agora o que devemos saber é como aproveitar melhor essa oportunidade, essa regra. Acho que cada equipe buscará sua fórmula ideal. Pessoalmente, eu gosto desta regra. As mulheres demonstraram que podem dar a volta ao mundo.