Foto: Arquivo pessoal
Estamos a menos de 240 dias para a largada da regata Volvo Ocean Race – que acontece no dia 22 de outubro em Alicante. Em Itajaí o prefeito Volnei Morastoni já está com sua equipe voltados na organização da terceira parada em Itajaí.
Bom, estamos na cobertura da regata volta ao mundo desde de 2010. Visando trazer à tona alguns bons momentos já vividos – criamos a Retrospectando Itajaí/Stopover – com textos do livro: Itajaí na Rota da Volvo Ocean Race a ser publicado no 2018;
Dentro desta de linha de “Retrospectando Itajaí/Stopover da Volvo Ocean Race “– voltamos a abril de 2010 – praticamente um mês depois de ter sido anunciado que a cidade receberia uma parada da regtata. Sem experiência no mundo náutico – ficamos na busca de entrevista alguns velejadores brasileiros. E fomos bater na porta da Agência ZDL em São Paulo, agencia que prestava serviço a organização nacional da regata volta ao mundo.
No dia 6 abril de 2010 recebi um e-mail do Nunes:
– Oi Adilson, boa tarde!
Nós não fazemos assessoria pessoal para o Torben. Pelo que sei, ele nem deve disputar a próxima edição da Volvo, abrindo mão da volta ao mundo em função de tentar disputar a sua sexta olimpíada na Inglaterra. Outra coisa, ele está vivendo um drama pessoal hoje. Parte da casa dele, em Niterói, foi destruída por um carro, jogado por um deslizamento de terra na garagem de sua casa. Ele está sendo tratado como herói por ter salvado uma mulher e uma criança do carro. O motorista, porém, morreu e o corpo ainda está debaixo da terra no quintal do velejador. Se não me engano, ele tinha viagem marcada para amanhã para a Europa para competir de TP 52 (barco de Oceano), junto com o Robert Scheidt, no Luna Rossa, da equipe Prada. Abs.Nunes
Mas parece que o bom Senhor estava a nossa frente. Na mesma tarde do dia 6 de abril uma terça feira – recebemos outro e-mail do Nunes.
– Oi Adilson,
O Horácio Carabelli vai disputar a terceira Volvo. Integrante do Brasil 1, em 2005/2006, foi campeão no ano passado com o Ericsson 4. Agora está no barco espanhol da Telefônica. Acho que ele está na Espanha. Veja se consegue o e-mail dele com a mulher dele. Ele é dono de um estaleiro em Florianópolis, chamado Carabelli.
OBS: No mesmo barco do Horácio, um uruguaio naturalizado brasileiro, está o carioca João Joca Signorini, também do Brasil 1 e do Ericsson 4. E assim, procedi, com apenas alguns telefonemas, consegui os e-mails deles
Boa sorte Nunes/06/04/2010
Persistência
Na busca de aprender mais, visando produzir um bom material jornalístico, dado a grande oportunidade de ter a primeira entrevista com um dos personagens de um quebra cabeça que tentava montar, estava começando a tomar seu rumo. Entretanto este substantivo feminino chamado de persistência requereu muito deste jornalista, afinal, sendo ele sinônimo de constância, perseverança e tenacidade, foi minha prioridade pautada, uma vez que são com essas características que faz um profissional de imprensa fazer o impossível para produzir o melhor ou conquistar uma boa pauta e trazer até o leitor a melhor e mais atual informação.
8 de abril de 2010
Numa tarde de terça feira – 08 de abril de 2010, surpreendentemente, aparece na caixa de e-mails e sinceramente não pude conter o grito de alegria ao ler o nome de Dione Carabelli, afinal, sabia que se tratava da esposa do experiente velejador uruguaio que adotou o Brasil por sua pátria e Florianópolis para morar e fazer negócios.
– Dione – Prezado Adilson: O Horácio enviou a resposta para o meu e-mail por engano. Estou copiando-a e reenviando a você. Grata, Dione.
Minha primeira entrevista c0m Horácio Carabelli
Foto:María Muiña/
Quarta-feira, 07 de abril de 2010 19:16
Horácio – Adilson. Respondo no seu texto
Repórter – Boa tarde Horácio,
Estamos com uma página voltada para a próxima edição da Volvo Ocean Race. E somos sabedores que você vai participar, assim preciso entrevista-lo. Te envio as perguntas e você me responde. Amigo preciso deste material na quinta-feira, sei que estais participando de uma competição – o que fica mais interessante a matéria. Vamos lá:
Repórter-Desafio de atravessar os mares dos quatro continentes
Horácio – A Volvo Ocean Race é o Everest da vela oceânica. O desafio não é somente vencer a regata contra as outras equipes, mas sim um desafio contra a Natureza. Para vencer, primeiro tem que chegar!! Esse e um lema permanente da regata. Na última regata tivemos uma perna da China até o Rio, em que ficamos 44 dias no mar em competição nas condições mais extremas dentro de um veleiro de 70 pés com outros 10 tripulantes !! Se você pode superar isso, você já sai ganhando.
Foto:Arquivo pessoal
Repórter – Atualmente está participando de que prova?
Horácio– Não estou competindo no momento, estou treinando com a equipe espanhola do Telefônica para a próxima volta ao mundo. Estamos em Sanxenxo, Espanha. Minha função desta vez é bastante técnica, testando equipamentos, mastro e velas. A partir de agosto estarei administrando a construção do novo barco que está sendo projetado por Juan K., o mesmo projetista do Ericsson 4.
Repórter- Itajaí, a sede da próxima parada da Volvo Ocean Race, sendo você um empresário com empresa em Florianópolis?
Horácio -Itajaí terá a oportunidade de sediar um grande evento e certamente estará preparada à altura. Será positivo para a Volvo Ocean Race e para a cidade, que dará grande visibilidade ao evento por suas características peculiares. Como empresário sediado em Florianópolis, vejo de maneira muito positiva, uma vez que todas as cidades turísticas próximas a Itajaí serão beneficiadas e terão a oportunidade de mostrar o grande potencial da região: belezas naturais, boa gastronomia, gente bonita, trabalhadora e acostumada a desafios.
Repórter -Resultados que tal evento vai provocar no setor promocional de Santa Catarina?
Horácio -Quem viveu a experiência de duas regatas como essa sabe o que significa para o local um acontecimento deste porte. Se usarmos os meios de comunicação disponíveis e fizermos uma divulgação competente, teremos um evento grandioso e de repercussão internacional. Hoje já sou questionado por velejadores e familiares que participarão da regata sobre como é lugar. Há uma grande curiosidade em torno do que a região tem a oferecer. E até a parada no Brasil, precisamente em Itajaí, muito será falado e divulgado sobre o local. Cada stopover cria uma grande expectativa e atrai milhares de pessoas do mundo inteiro. Precisamos estar preparados e aproveitar o momento para mostrar o que de melhor temos a oferecer: nossa hospitalidade.
Repórter -Participar de uma prova que não se ganha prêmio, afinal onde está a emoção nisso tudo?
Horácio -A emoção está no desafio. Quando você chega a participar de uma prova como esta, você entra para um grupo seleto. Você passa a ser parte da elite da vela. Então mesmo não vencendo a prova, você já é um vencedor. E para todo desportista, especialmente velejador, competir, dar o melhor de si durante a regata já é bastante emocionante. Somos colocados à prova e levados ao limite físico e psicológico, mas nada se compara a sensação que se tem na superação de cada etapa. Mas lembre-se que neste nível, este esporte deixa de ser amador e passamos a ser profissionais pagos, como qualquer outro.
Repórter- Estes desafios te faz um empresário diferente?
Horácio -Com certeza mais exigente. Cada desafio vencido serve de estímulo para um novo. Neste esporte estamos sempre tomando decisões muito rapidamente e imediatamente arcando com as consequências. O que mais aprendemos é a pensar rápido.
Repórter – Você sente medo quando se encontra num momento de grandes ondas no meio do mar?
Horácio –Eu diria que não há muito tempo para medo, mesmo quando o mar parece assustador, invencível. Se você vacilar pode comprometer a equipe e dar razão ao medo. Estou sempre focado na função que me cabe para manter o barco sob controle.
Primeira: Retrospectando Itajaí/Stopover: Paulo Bornhausen relata como a Volvo Ocean Race chegou a Itajaí – : http://regatanews.com.br/retrospectando-itajaistopover-paulo-bornhausen-relata-como-a-volvo-ocean-race-chegou-a-itajai/