”Um momento mais do que especial. Posso sim comparar o dia de hoje com a Olimpíada de 1980, quando fui medalha de ouro
Edição – Adilson Pacheco
Especial – Flávio Perez/TJV
Post -23/11-9:02
A vela brasileira escreveu mais um capítulo na sua história! O primeiro barco 100% nacional completou, na noite deste domingo (22), a Transat Jacques Vabre, maior regata transatlântica do mundo. Batizado de Zetra, o veleiro comandado pelo campeão olímpico Eduardo Penido e pelo empresário Renato Araújo fez o percurso de 10 mil quilômetros entre Le Havre, na França, e Itajaí, em Santa Catarina, em 28 dias, 10 horas e 37 minutos, terminando a categoria Class40 na sexta colocação. A dupla foi recebida no píer ao som de uma batucada de escola de samba e pelos familiares.
”Um momento mais do que especial. Posso sim comparar o dia de hoje com a Olimpíada de 1980, quando fui medalha de ouro. Foi uma regata muito dura e desgastante, mas lutamos até o fim”, disse o campeão olímpico Eduardo Penido, ouro nos Jogos de Moscou 1980 na classe 470.
Emocionado, Renato Araújo disse que todo o investimento, dias de treino e o sofrimento da regata valeram a pena. ”Não tem preço que pague esse momento. Pegamos 10 dias de tempo ruim, comemos mal, tive um problema no joelho, velas quebradas e muito mais. A primeira tempestade foi difícil, a segunda mais fraca e a terceira quebrou o enrolador da vela de proa. Sem contar outros problemas que surgiram e fomos solucionando no percurso. Mas em 2017 queremos repetir a dose! A ideia é treinar mais e se aperfeiçoar, pois o barco é arisco e muito difícil de guiar”.
Sofrimento, calmaria e Brasil
A dupla brasileira sofreu nos primeiros dias de regata, que começou em 25 de outubro com a participação de 42 barcos. Os ventos fortes e ondas gigantes no Golfo de Biscaia – parte do Atlântico Norte entre a França e a Espanha, causaram 17 desistências, um recorde para o evento. A estratégia de Eduardo Penido e Renato Araújo foi reduzir a velocidade para evitar as quebras. ”Temos que aprender com o barco e fico contente de chegar inteiro após essa dificuldade. Fico imaginando como os franceses, que venceram a regata, são bons. Eles aceleraram em condições difíceis”, explicou Eduardo Penido. O Zetra chegou quatro dias depois do campeão, o Le Conservateur.
Consolidado em sexto, o Zetra via os líderes da Classe40 abrir vantagem na liderança quando mais um ponto chave da regata surgiu: a calmaria dos Doldrums. Os brasileiros passaram 48 horas quase sem andar na divisa dos hemisférios Norte e Sul. Já na costa brasileira, a dupla se preocupou em se defender dos ataques dos três veleiros que estavam atrás e em desviar dos barcos de pesca na costa nordestina.