Regata – Transat Jacques Vabre – Velejador Pierre Lacaze vai ajudar jovens de favelas no Rio de Janeiro

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O empresário francês Pierre Lacaze se prepara para o maior desafio de sua vida: percorrer, de barco, mais de 7.800KM entre o Norte da França. Havre,  e o Nordeste Brasileiro, Salvador, Bahua. Junto com o navegador Yoann Richomme, partirá no dia 5 de novembro, do Porto de Le Havre, França, rumo ao Brasil para a lendária Transat Jacques Vabre, uma implacável regata em duplas que dura duas semanas ao longo da histórica ‘Rota do Café’.

Transat Jacques Vabre
Transat Jacques Vabre

O empresário francês Pierre Lacaze se prepara para o maior desafio de sua vida: percorrer, de barco, mais de 7.800KM entre o Norte da França e o Nordeste Brasileiro. Junto com o navegador Yoann Richomme, partirá no dia 5 de novembro, do Porto de Le Havre, França, rumo ao Brasil para a lendária Transat Jacques Vabre, uma implacável regata em duplas que dura duas semanas ao longo da histórica ‘Rota do Café’. A viagem tem excelentes motivos: inspirar jovens de favelas e periferias brasileiras, além de uma meta de arrecadar $ 500 mil para projetos sociais brasileiros. Até o momento, $ 40 mil já foram arrecadados. A iniciativa, está sendo apoiada pela BrazilFoundation, que é parceira da iniciativa e ajudará Pierre na seleção dos projetos e investimento dos recursos.

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Favelas e periferias  –  Os projetos selecionados serão das cidades do Rio de Janeiro e Salvador. Na primeira, ele já visitou diversas favelas, como Rocinha, Providencia, Prazeres e Complexo da Maré e se emocionou com histórias de vidas de seus moradores A segunda será o local de seu desembarque no país. Aos 41 anos, a grande aventura de Pierre, que é CEO da LCM Commodities, é também a realização de um sonho de infância: “Não sou marinheiro, mas sempre velejei. Cruzar o Atlântico em um dos barcos à vela mais velozes já construídos é um sonho que tenho desde os 10 anos”, entrega, mas admite que este não é seu grande objetivo: “Quero inspirar os jovens a sonhar grande, que sintam orgulho e que eu consiga arrecadar recursos para dar a eles oportunidades”, almeja.

Conhecer as favelas cariocas foi conflitante para o francês, Pierre conta que se sentiu apreensivo e inspirado: “Vi armas e raiva, também vi muita determinação e disposição. Aprendi uma lição de humildade e de esperança. Tenho convicção que algo essencial está em risco nas favelas do Rio, algo que nos define como seres humanos: nossa habilidade de demonstrar empatia e a nos relacionarmos entre si”, conta Pierre, que levou sua esposa e as três filhas durante as visitas.

  Crise e política – Vivo à Beira não poderia chegar em momento mais oportuno: passando por uma grave crise política e uma crise econômica, o Brasil entrou em recessão, vendo o número de desempregados elevar-se assustadoramente e os apoios a projetos sociais pararem. Pierre reconhece o momento e exemplifica:

“Tenho visitado meu amigo Charles Siqueira, no Rio, todos os anos desde 2011. Ele está muito envolvido no Morro dos Prazeres, onde faz um trabalho incrível com crianças e jovens. Entre 2011 e 2015, as melhorias na comunidade eram visíveis. As Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) pareciam estar funcionando, os traficantes haviam deixado o morro. Tinha uma sensação de empoderamento local e conquista, um sentimento de orgulho. No final de 2015, o processo começou a se desintegrar, os traficantes voltaram, a favela ficou dividida. À medida que o processo de pacificação perde força e há poucas alternativas nas comunidades ao tráfico de drogas, com a  escassez de escolas e serviços sociais básicos, pessoas como Charles ou outras lideranças apoiadas pela BrazilFoundation têm de lutar muito para manter as comunidades unidas. Nosso objetivo é ajudá-los a ganhar pequenas batalhas. Queremos dar visibilidade ao trabalho que fazem e arrecadar o quanto pudermos, ajudando-os a oferecer alternativas para  os jovens, além do tráfico.”

 BrazilFoundation  -A história de Pierre com a BrazilFoundation começou com um dos programas da fundação, o Fundo Carioca – com investimentos direcionados exclusivamente para jovens das favelas e periferias do Rio de Janeiro. De lá para cá, uma relação de parceria e apoio mútuo foi sendo estabelecida e é com o apoio da entidade que Pierre conta para a articulação do Vivo à Beira. “A BrazilFoundation e eu temos uma história de amor que já dura seis anos e que fez toda a diferença. Lembro das lágrimas, dos sorrisos e das gargalhadas que tivemos. Se importam genuinamente com as pessoas. São muito perseverantes e autênticos”, conta ele, o sentimento é recíproco: “”

 Vivo à Beira – O projeto teve seu nome inspirado em frase da saudosa Clarice Lispector: “Meus dias são um só clima: vivo à beira”, narrou a poeta em Água Viva (1998), onde dizia que o amor em excesso supriria as falta, crianças e adolescentes que vivem à beira:

“Pegamos emprestadas palavras do poema Água Viva, de Clarice Lispector, por várias razões. Primeiro porque os jovens das favelas do Rio realmente vivem “à beira”: à beira da cidade, literalmente, vivendo vidas repletas de riscos e desafios, lutando contra a exclusão e preconceitos, mas também ansiosos para agarrar oportunidades e tornar as coisas melhores. Gostamos do sentido de que “beira” é o começo e não o fim de alguma coisa; uma passagem para uma vida melhor, uma ousadia, uma jornada. Também gostamos muito de usar a figura de alguém como a Clarice Lispector como fonte de inspiração e tutela para o projeto. Ela também tem muito em comum com a Leona Forman, fundadora da BrazilFoundation, que veio ao Brasil como imigrante, sendo assim uma maneira de fazermos uma homenagem silenciosa para Leona.” Pierre Lacaze.

Há dois anos, enquanto procurava novas formas de se envolver, Pierre conheceu Yoann Richomme, um jovem e experiente capitão com um excelente histórico no circuito de vela francês. Eles se deram muito bem, navegaram juntos e, eventualmente, tiveram uma ideia ousada para chamar atenção às atividades da BrazilFoundation – o amador e o campeão entrariam em uma das mais difíceis corridas de vela em nome da fundação. Juntos compraram um veleiro IMOCA 60 e começaram o trabalho de remodelação.

A viagem – A Transat Jacques Vabre é uma rota temida por marinheiros experientes do mundo todo, Pierre sabe bem disso e admite: “A primeira semana no mar será difícil: vamos enjoar por um dia ou dois, estaremos exaustos, com frio e molhados o tempo todo. Navegar pelo Golfo de Biscaia e ao redor do Cabo Finisterra no inverno não é brincadeira: correntes de baixa pressão vindas do oeste arrastam-se pelo golfo deixando o mar implacável e traiçoeiro”, conta. “A zona de calmaria será o próximo obstáculo que enfrentaremos. Assim que pegarmos os ventos alísios, nossa jornada será mais tranquila, exceto pelas violentas rajadas de vento noturnas.”

Apesar dos perigos, ele, que pratica boxe, esqui, alpinismo e tênis afirma não estar com medo: “Estou consciente dos desafios e das possíveis dificuldades. Yoann Richomme, meu co-capitão, é um campeão. Estamos trabalhando no barco para minimizar os riscos e estou muito contente com o resultado: estamos treinando muito,  escalamos montanhas e velejamos juntos com um objetivo único na mente”, revela.

O artista plástico JR também está colaborando com a campanha. É dele o design do olho estampado no barco. Pierre conta que em uma das minhas primeiras viagens ao Rio, com a BrazilFoundation, conheceu o Morro da Providência, lá pôde conhecer intervenções emblemáticas de artistas internacionais: “Lembro de subir a escadaria sem fôlego, e de me maravilhar com as obras do artista Vhils (que entalhou os rostos dos moradores desalojados para a construção de um teleférico nos escombros de suas antigas casas). Andamos até a ONG Casa Amarela, que abriu as portas pouco depois da instalação do projeto “Women are Heroes”, do JR, relembra. “A casa não é apenas um centro social e cultural. É um lugar onde as crianças podem se reunir em paz, brincar e ler sob os auspícios do Maurício (Hora). O compromisso do JR com a Providência continuou muito tempo depois dos holofotes do projeto “Women are Heroes” terem ido embora, o que é exemplar e comovente”, elogia Pierre.

“A arte nas favelas salva vidas; sabemos disso. Por isso, senti o direito de solicitar o apoio do JR, que graciosamente nos atendeu. Gostamos ainda mais da ideia de nos inspirarmos na obra da Clarice Lispector, o JR fez um importante trabalho na Ilha de Ellis, focado em imigrantes, e a bela e brilhante Clarice foi uma delas”, conta.

 Motivação – Para cumprir o enorme desafio, Pierre tem contado com apoios incondicionais de sua família, amigos e sócios: “Minha família tem sido muito generosa em permitir que eu passe tanto tempo treinando. Meus parceiros e sócios na LCM também entenderam – eu não poderia realizar esse projeto sem o apoio deles”, agradece. “Meus amigos têm me apoiado tanto que minha motivação em finalizar essa competição é firme. Não irei decepcioná-los.”

Próximos passos – Assim que chegar ao Brasil – o que deve ocorrer entre os dias 21 e 25 de novembro, dependendo das condições climáticas – Pierre ficará no país por alguns dias, e participará de eventos em Salvador e no Rio de Janeiro, incluindo eventos em escolas..

Durante o percurso, eles estarão competindo contra os capitães mais experientes do mundo, navegando nos barcos a vela mais rápidos já projetados e fazendo isso por uma propoósito, e convidam a todos a contribuírem para essa causa.




 

   Para conhecer e colaborar acesse: brazilfoundation.org/campaign/vivo-a-beira (em português e inglês) ou vivoabeira.org (apenas em inglês). Informações: (21) 2532 3029.



 

Fonte: http://solidarionoticias.com/frances-encara-regata-lendaria-em-prol-de-jovens-de-favelas-brasileiras/