Entrevista : CEO da campanha espanhola MAPFRE na Volvo Ocean Race- Pedro Campos: ‘Temos pessoas muito experientes no time. Praticamente todos, embora um ainda não está decidido cem por cento…”

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O CEO da campanha espanhola MAPFRE na Volvo Ocean Race 2017-18 está animado com a equipe para a volta ao mundo e espera um bom resultado. Na entrevista, o executivo elogiou o comandante Xabi Fernández, analisou o novo percurso da prova e falou sobre os outros projetos que liderou na vela oceânica. Pedro Campos esteve no comando das últimas quatro campanhas da Espanha na Volvo Ocean Race e sonha em levar o país ao topo do evento. A entrevista aconteceu em Sanxenxo – Galícia, Espanha na base de treinamento da equipe.

Como está a Volvo Ocean Race hoje em comparação com sua entrada em 2005?

Pedro Campos–  A grande mudança foi a alteração para os monotipos. É um conceito totalmente diferente. Por um lado poupa claramente os custos e o outro não permite que uma equipe tenha um alto desenvolvimento na área tecnológica, o que era um atrativo. Mas acima de tudo, o fato de os barcos serem iguais faz com que a regata seja apertada e muito disputada, onde todos têm escolhas. Na última edição, se não estou enganado, todos os barcos ganharam alguma etapa.

Como um gestor de equipes, você hoje é um dos mais experientes não apenas da Volvo Ocean Race atual, mas ao longo da história. Não sabemos se há outro com cinco campanhas consecutivas. É isso mesmo?

Pedro Campos -Eu não sei se isso é bom ou ruim (risos). Eu acho que a cada volta ao mundo você aprende. Houve uma edição, a de 2008-09, que fomos o país com mais tripulantes da flotilha, algo inédito porque cinco ou seis anos atrás praticamente não existíamos. Vamos ver se a experiência se traduz em resultados.

A última edição foi muito complicada, porque começamos com um tempo muito apertado e foi uma grande mudança na fórmula com monotipos. Mas aqui estamos novamente graças aos patrocinadores, neste caso a MAPFRE, e anteriormente a Telefónica.

O que você pode nos dizer sobre o MAPFRE?

Pedro Campos – Desta vez, nós poderemos começar com mais tempo graças à decisão do patrocinador. Em geral, as autoridades têm ajudado a tornar tudo mais ágil. Temos pessoas muito experientes no time. Praticamente todos, embora um ainda não está decidido cem por cento, têm feito a volta ao mundo, a maioria neste barco ou neste tipo de barco. Isso é um luxo Estamos animados para ver se teremos um grande resultado.

Como você descreveria o comandante Xabi Fernández?

Pedro Campos – É um motor diesel! Nem acelera, nem para. Xabi tem um enorme valor, é um atleta que está em um alto-nível. Ele tem essa capacidade de ganhar a volta ao mundo, que é uma maratona.

Em relação a edição anterior, a atual competição tem várias novidades. Uma delas é o incentivo à presença feminina. O que acha disso?

Pedro Campos – É um mistério para todos. A convivência na ‘Volvo’ é dura, as condições são o que são, há muito pouco espaço e muito cansaço… É um desafio para todos. O que temos são boas candidatas e, quando elas fizerem as provas, poderemos finalmente anunciar as que se juntarão à equipe.

 Outra alteração importante afeta a rota. Na edição anterior, o percurso subiu para Abu Dhabi e este ano já não, pois teremos muitas milhas no Oceano Antártico. O que significa essa mudança?

Pedro Campos – Eu sempre digo que quando você vai bem preparado para um campeonato o que você quer é pouca loteria. Se você sabe que se o vento é mais ou menos estável, no longo prazo, vai acabar se impondo. Em vez disso, quando você vai despreparado você prefere condições muito raras, pois sempre pode ter um golpe de sorte. Nesse sentido, com a equipe atual e nossa experiência, eu prefiro o percurso de agora.

O que você acha que o MAPFRE vai ter nessa edição que faltou na anterior?

Pedro Campos –  Fundamentalmente mais tempo de preparação, que também carrega um aumento do orçamento, porque mais tempo de preparação requer um maior investimento na tripulação e em tudo. Eu acho que essa é a grande diferença. Além disso, no nosso caso, pela primeira vez, vamos competir com o mesmo barco da edição anterior. Temos um conhecimento profundo do barco depois de tantas milhas navegadas e regatas disputadas. Mas, o Dongfeng também tem isso e não sabemos as equipes que faltam para anunciar, se vão trazer tripulações com essa experiência ou não.